domingo, 22 de fevereiro de 2009

Custos da Brincadeira e Hotéis - Parte internacional

A felicidade tem muitos rostos. Viajar é, provavelmente, um deles.
Entregue suas flores a quem cuidar delas e comece, ou recomece.
Nenhuma viagem é definitiva.

José Saramago


Pessoal, depois de algum tempo sem escrever, volto para cumprir minha palavra: passar as planilhas de custos, além dos hotéis por onde passamos. Confesso que ainda sinto saudades da maravilhosa viagem que fizemos, o que nos dá força para repetir a dose outras vezes, agora por outras paragens... Bem, peço desculpas pela demora na publicação dos dados, mas o tempo está bastante corrido por aqui. As fotos já estão disponíveis no Picasa, aproveitem.

O orçamento de uma viagem é, para mim, uma etapa primordial, uma vez que posso me preparar para o que virá, financeiramente falando. Assim, antes de todas as viagens, passo por esta etapa, normalmente em conjunto com aqueles que comigo viajam. Em sua elaboração, faz-se necessária muita leitura sobre os pontos/cidades a serem visitados, de forma a conhecer as peculiaridades de cada ponto, além de certo espírito crítico sobre qual o estilo da viagem que se quer fazer, pois pode-se fazer o mesmo roteiro gastando, por exemplo R$10 ou R$200 por refeição, dependendo do "estilo" dos viajantes. A leitura também é fundamental pois evidencia quais atrações serão visitadas e o custo médio das mesmas. Depois disso, é sempre bom fazer um acréscimo de 10 ou 20% nos valores orçados, de forma a deixar uma "folga" para eventuais necessidades.

Para os valores abaixo, utilizamos a seguinte paridade cambial:
  • USD 1,00 = R$ 2,40
  • 1 Peso argentino = R$ 0,70
  • R$ 1,00 = 1,40 Peso argentino
  • USD 1,00 = 3,40 Pesos argentinos
  • USD 1,00 = 600 pesos chilenos
Para unificar as moedas, e como passamos o mês inteiro fora, resolvemos utilizar o peso argentino como referência para os hotéis e passeios, de modo que os totais estarão em reais, mas os valores detalhados estarão em pesos, para dar uma possibilidade de comparação àqueles que precisarem, sem contaminação das variações cambiais.

Alimentação:

Ao fazer o orçamento de alimentação, levamos em conta uma refeição diária (além do café), reforçada por "alguns" lanches, uma vez foram vários dias de deslocamento e nestes dias o almoço atrapalha, seja pelo tempo perdido, seja pelo sono geral depois da barriga cheia, o que dá um problemão para o motorista. Já quando estávamos nas cidades, acabávamos pulando o almoço, pois andávamos quase que o dia inteiro. Na grande maioria dos dias fazíamos um café da manhã, vários lanches e um belo jantar, feito sempre em um bom restaurante. Assim, alocamos R$150 por dia e por casal, para o item alimentação. Tal valor foi suficiente e ainda comportava pequenas despesas como ligações para o Brasil, interner, etc. Ao final, chegamos ao Brasil com uma média diária de R$125,75 por casal e por dia. Meta alcançada.

Hospedagem:

Neste item a leitura que falei acima faz-se super necessária, pois podem existir cidades vizinhas com custos absurdamente diferentes. Como exemplo cito a última noite antes de Ushuaia. Iríamos dormir em Rio Grande, mas ao chegarmos lá, existiam poucas vaga e todas por mais de AR$350 por apartamento duplo... Resolvemos seguir até Tolhuin e dormimos em um hotel, às margens do lago Fagnano, por  AR$150, um achado. Assim, orçamos para hospedagem R$4.294, onde foram gastos R$4.096. Vejam agora os hotéis e seus respectivos custos:


 Buenos Aires - Hotel Suítes Catalinas

AR$280 por diária em apto duplo.  Bom hotel, em área central da cidade, bem pertinho da rua Florida e de algumas estações do metrô. Instalações antigas mas confortáveis e café da manhã modesto.

 Viedma - Hotel Austral

AR$219 por diária em apto duplo. Melhor hotel da cidade, às margens do rio, com bom café da manhã "continental". Acomodações muito boas e wi-fi um pouco lento.

 Puerto Pirâmides - La Nube del Angel

AR$380 por diária em cabana para quatro pessoas. Inicialmente, a visão da cabana é chocante, mas tendo em vista as outras acomodações da cidade, classificamos a cabana como boa...

 Puerto San Julian - Hotel Bahia

AR$250 por diária em apto duplo. Hotel bastante simpático, com wi-fi fraquinho mas computador à disposição dos hóspedes na recepção. Café da manhã bem legal. Pontos fracos: "esperteza" do gerente e espaço para banho muito perigoso.

 Tolhuin - Hotel Kaiken

AR$300 por diária em apto quádruplo. Hotel muito agradável e confortável, localizado às margens do Lago Fagnano. Não tínhamos lido nada a respeito deste hotel, foi realmente uma grata surpresa. O restaurante do hotel é muito legal, mas o café da manhã é muito, muito simples.

 Ushuaia - Cabanas Aldea Nevada

AR$450 por diária em cabana quádrupla. Uma das melhores acomodações da viagem. As cabanas são amplas, com dois quartos e camas de bom tamanho. O atendimento do pessoal do hotel é muito bom. As cabanas estão localizadas em um bosque, na subida para o Glaciar Martial. Ótima vista.

 El Calafate - Hotel Solares del Sur

AR$350 por diária em apto quádruplo. Pequeno hotel dispondo de não mais que 10 cabanas/departamentos. Tem um ótimo restaurante e uma vista absurdamente linda.

 Torres del Paine - Posada Rio Serrano

AR$560 por diária em apto quádruplo, com banheiro privado. Paine é um lugar de extremos: ou você acampa ou vai para hotéis caríssimos. A pousada é bem fraquinha e como a energia elétrica é fornecida por gerador existe racionamento. Resultado: à noite e durante alguns períodos do dia não existe energia ou calefação, o que é um grande problema. As camas são beliches e o restaurante é, vamos dizer, simples. Vá sem nenhuma expectativa para não se frustrar...

 Puerto San Julian (na volta) - Hotel Miramar

AR$180 por diária em apto duplo. Hotel bastante aprazível, localizado na orla da cidade. Acomodações muito confortáveis e internet rápida. Café da manhã simples e donos sérios (não quis dizer chatos).

 Esquel - Cabanas del Sol

AR$300 por diária em cabana quádrupla (cabem até 8 pessoas). Cabanas bem confortáveis e amplas, tendo até computador com acesso à net. Pessoal simpático e cidade bem agradável.

 Bariloche - Cabanas Prema

AR$350 por diária em cabana para até 6 pessoas. Hospedagem muito confortável, com boas camas. Staff muito simpático e disposto a dar informações locais detalhadas. Internet wi-fi com boa velocidade e computador à disposição na recepção. Vale a pena a visita. 

 Villa la Angostura - Cabana Villa del Bosque

AR$350 por diária em cabana para até 8 pessoas. Localizada em um bosque, afastado mais ou menos 3km da estrada. Pela localização, sente-se uma paz tremenda. Os únic0s barulhos vem da natureza. Boa para descançar, mas sem opções de lazer ou internet.

 Puerto Varas - Hotel Terrazas del Lago

AR$204 por diária em apto duplo. Hotel confortável com internet na recepção (wi-fi) e boas camas. Café da manhã bem simples. Ponto fraco: ar-condicionado muito ruim.

 Pucón - Apart Hotel Gualles

AR$300 por diária em  apartamento para até 7 pessoas. Localizada dentro de uma curva, é bem difícil de ver na estrada. Acomodações bem confortáveis, wi-fi de primeira e apartamentos bem ventilados.

Pucón - Cabanas Metrehue 

AR$330 por diária em cabana para até 8 pessoas. Lugar confortável, localizado dentro de um bosque e com piscina de água gelada. Em Pucón estava muito quente, daí tivemos dificuldades de achar um lugar que não "assasse" turistas... Um pouco afastado da cidade, mas vale a pena pelo preço e pelo conforto.

 Neuquem - Hotel Royal

AR$200 por diária em apto duplo. Hotel simples mas com um luxo para o local: ar-condicionado split... Super importante pois lá é incomodamente quente. Wi-fi na recepção e café da manhã bem simples.

 Santa Rosa - Hotel La Delfina

AR$190 por diária em apto duplo. Localizado na saída da cidade, o hotel é muito confortável e tem aquela palavra mágica no deserto: split... Café da manhã bastante "resumido". Hotel sem wi-fi e sem estacionamento, mas bem confortável.

 Buenos Aires - Hotel Ibis

AR$216 por diária em apto duplo. Hotel comercial mas bastante confortável. Camas muito boas e ar-condicionado excelente. Internet wi-fi em todo o hotel, caro, mas rápido. Bem localizado, o hotel fica próximo do Senado e de estações de metrô.


Quanto aos hotéis, tenho duas dicas para os viajantes: 1. Não deixe para procurar hospedagem depois do sol se pôr. Quanto mais tarde menos opções existem e maior a chance de se ficar em hotel ruim e caro... Dê preferência por iniciar o dia um pouco mais cedo para não precisar rodar à noite. 2. Pechinche, peça desconto, faça um proposta mais baixa em todos os hotéis. Na maioria deles dá certo. Afinal, em uma viagem deste tamanho, qualquer economia é bem-vinda.

Passeios

Para os passeios separamos R$900 por pessoa e acabamos por economizar um pouquinho. Gastamos R$739 por pessoa, incluindo teleféricos, parques nacionais, museus e todos os outros passeios que já falamos no blog. Aqui, novamente é primordial conhecer roteiro e os pontos turísticos de interesse.

Despesas com o Carro

Inicialmente, uma dica àqueles que vão de carro. Nas cidades que fazem fronteira com o Chile, o preço dos combustíveis é bem mais alto (alguns casos chega à 60% a mais) para carros estrangeiros. Uma forma de fugir desta diferença é abastecendo nos postos antes das cidades (onde eles existem, claro) que normalmente fazem vista grossa à determinação. Se tiver que abastecer nas cidades, procure não perguntar o preço para não chamar a atenção e torça para o frentista não lembrar de mudar o preço na bomba, pois o procedimento é todo manual.
Quando estiver nas estradas, não deixe o tanque baixar muito da metade, pois, em alguns lugares rodam-se até 200km sem nenhum posto... Há ainda o risco de chegar-se em alguns postos e o combustível (principalmente gasolina) ter acabado...
A quilometragem total foi de 21.647km, com 2.072,52 litros de diesel, uma média de 10,44km/lts. Foram gastos R$3.901 com combustível. Existiram outras despesas com o carro: Revisão dos 10.000km em Caxias do Sul, R$ 900. Troca de óleo em Puerto Montt R$480. Alinhamento e balanceamento em Florianópolis R$130.
A travessia entre Colônia e Buenos Aires, via buquebus custou R$430 na ida e R$415 na volta. Em alguns lugares, com por exemplo Buenos Aires, era cobrada taxa de estacionamento pelo carro.
Já que estamos falando do carro, rendo minhas homenagens à Kia, que fez um carro maravilhoso, nos possibilitando as boas lembranças aqui colocadas. Na Sorrento andamos muito e às vezes muito rápido, levamos algumas "pedradas" no rípio, caímos em alguns poucos buracos e passamos por duas chuvas de granizo... Ela aguentou firme, sem reclamar em nenhum momento e não nos causou problema algum nestes mais de 21.000km. Palmas à Sorrento, por favor...

Bem, desculpem o tamanho do post de hoje, mas acho que aqui tem informações muito úteis para aqueles que queiram fazer o planejamento de uma aventura deste tamanho. Novamente, coloco-me à disposição para esclarecer algum ponto obscuro ou dar informações que não estejam no blog. Fiquem à vontade.

Alessandro
alessandrorv@yahoo.com.br

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