Saímos de Puerto San Julian logo no início da manhã, com destino à Rio Grande. Sabíamos que o dia seria bastante longo, pois teríamos pela frente 750km muito divertidos. Explico: no trajeto, teríamos que cruzar quatro aduanas (saindo da Argentina, entrando no Chile, saindo do Chile e voltando para a Argentina), além da travessia do estreito de Magalhães (de ferry boat, obviamente).
Durante todo o dia, os ventos foram constantes e fortes. Chega a ser impressionante o quanto uma rajada de vento atrapalha na condução do carro. Tivemos que baixar a velocidade na maior parte do dia, e ainda tivemos alguns sustos, onde ventos mais "insistentes" insistiam em fazer-nos conhecer o acostamento das estradas. A viagem seguia bem e, por volta das 12h, chegamos à Rio Gallegos, uma cidade bastante desenvolvida em comparação com o que se vê na região. Daí, logo chegamos à aduana de saída da Argentina. Ao descermos do carro, o vento estava absurdo, ao ponto de tornar-se difícil de andar. Feitos todos os trâmites, fomos à entrada do Chile, também superada sem problemas. Fica registrada a cara de preocupação e de desconforto de mainha na passagem pelas aduanas. Parecia que ela estava com alguma coisa proibida na mala... Rumamos para o estreiro de Magalhães e conseguimos atravessar na primeira balsa disponível. A travessia é muito rápida, mal dá tempo de pagar as tarifas e tirar algumas fotos. Depois do estreito, entramos no tão esperado trecho de rípio, composto por pedras maiores que aquelas encontradas em Puerto Pirâmides. Além das pedras, a estrada tinha alguns buracos, era movimentada e, em algumas partes, bastante estreita. Em resumo: duas horas de alguma tensão.
Após o rípio, fizemos as aduanas novamente e voltamos à Argentina. Daí rumamos à Rio Grande, onde planejávamos dormir. Não tínhamos reservas, e achávamos que encontraríamos hotel com certa facilidade, mas ocorreu exatamente o oposto. Só encontramos vaga em um hotel, por preços absurdos... Já eram quase 21h e estávamos sem lugar para dormir. Após algumas ligações, conseguimos um hotel em Ushuaia, e, na falta de outra opção, voltamos à estrada. Durante o percurso até Ushuaia, encontramos no mapa uma cidadezinha, localizada 100km antes de nosso destino e resolvemos tentar um hotel por lá... Tivemos uma grata surpresa ao chegarmos à Hosteria Kaiken, localizada às margens do Lago Fagnano, um dos pontos turísticos da região. Não só encontramos vaga, mas em um hotel maravilhoso, otimamente localizado, e como se não bastasse, mais barato que o de Ushuaia. Jantamos maravilhosamente bem, e vimos que nossa preocupação pela falta de hotel em Rio Grande, transformou-se em grande conforto na hosteria que ficamos. Rodamos durante 15hrs durante o dia, mas tivemos nosso merecido descanso.
Na manhã do dia 07, começamos o último trecho antes do Fim do Mundo. Eram apenas 100km, repletos de expectativas, e de raras belezas naturais. Paramos inúmeras vezes para fotos e para apreciar o ambiente e, quase duas horas após a saída, vimos a placa: Bem Vindo à Ushuaia. A sensação foi de vitória, de sonho realizado. Finalmente, tanto tempo de leitura e planejamento foi coroado com a tão esperada chegada. Entramos na cidade, e fomos ao hotel Aldeia Nevada, onde tínhamos reservado uma cabana. Feito o check-in, fomos à famosa Av. San Martin, onde almoçamos, fizemos câmbio, batemos muita perna e, como ninguém é de ferro, jantamos. A cidade é bastante charmosa, com pessoas de todo o mundo chegando nos mais diversos meios de transporte e falando várias línguas diferentes. Além do frio (quando chegamos, o termômetro marcava 6 graus), o vento é impetuoso e ajuda a adormercer as pontas dos dedos de nordestinos que não usam a roupa adequada.
Amanhã, iremos começar a fazer os passeios que a cidade oferece. Com certeza, vamos nos deliciar ainda mais. Fica nosso agradecimento à Deus, por permitir que conheçamos coisas tão absurdamente lindas.
Alessandro